terça-feira, 26 de março de 2019

Marta, p1 (agora vai)

Marta tinha um gato.

Quando ela dormia em sua cama ampla o bichano coroava-lhe a cabeça, ronronando, espreguiçando ali sua ocasional prontidão. Tão perfeitamente se integravam as duas pelagens, sobre um rosto e um corpo pálidos, que seria impossível dizer onde cada elemento daquela visão começava e terminava: gato de marta, sua cabeleira esparramada no colchão, a noite na qual essas duas imagens se abismavam, e a palidez de marta que parecia flutuar logo acima do breu. Tal composição dispensava lençóis e travesseiros que ali de fato não havia.

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